Tirando 2 dias de férias apostei em dar mais andamento a assuntos pendentes e aproveitar para tratar de outros, além de passear um pouco pelo fresco da manhã e tirar umas fotos à paisagem.
Começando pela paisagem, um dos locais mais bonitos que a chegada da Primavera me ofereceu:
Finalmente o tão precioso saca está pronto a ser utilizado. Pode-se ver os 3 parafusos de aço calibre 14.2 e a anilha de batente para a cambota na foto seguinte.
Como já soube de muitas histórias de sacas de compra destruídos sem conseguirem cumprir a sua função, falei com um rapaz que já tem experiência sem conta de desmontar estes motores. A dica dele foi - o segredo está nos 3 parafusos e não no central:
- não apertar os 3 parafusos completamente mas deixar o saca centrado
- apertar ao máximo o parafuso central
- ir apertando depois os 3 parafusos um de cada vez, mais um bocadinho de cada vez com uns minutos ou horas de intervalo
Como estava sozinho e não conseguia segurar o motor em cima da "bancada" tive de o arrastar para o chão e sentar-me em cima dele para poder apertar o parafuso central.
Com o saca montado e a "marinar", segundo as instruções do "Fuiafonte"...
.... após algumas horas de espera em que fui apertando mais um pouco de um parafuso de cada vez, lá ouvi um estalito muito suave, tipo metal a ranger, e quando vi que os parafusos estava fáceis de mais de apertar, dei conta que o conjunto já estava solto.
Desta vez pareceu simples, mas não o foi sem este saca e a preciosa técnica.
O disco de embraiagem já não aguentaria muito mais, dado o desgaste.
Continuei a desmontar o resto do motor e a avaliar o estado de todas as peças.
Para o caso de haver dúvidas no futuro do local de cada parafuso que aperta a caixa tirei as duas fotos seguintes.
Como o carreto de transferência (drop gear) também é diferente de um lado e de outro, uma foto também pode ajudar como referência futura
Curiosidade do número de motor 111000:
Com o bloco já na bancada e a cambota já à mostra...
deparei-me com outro facto curioso, as minhas iniciais (JB) gravadas na cambota. :) Não sei o que querem dizer mas se calhar esta foi feita só para mim e não me disseram...lol
O estado das capas da cambota é o que se vê. Penso que não é mau de todo. O desgaste e marcas devem-se sobretudo a óleos baratos, mudas poucos frequentes e humidade e detritos no óleo. Não tem desgaste excessivo ou assimétrico nem riscos relevantes, nem indicação de aquecimento excessivo.
Na própria cambota existem marcas de corrosão, possivelmente devido ao motor ter estado parado e no final ter andado períodos curtos com óleo demasiado fraco. Apesar do aspecto são marcas superficiais sem relevo que com um pouco de lã de aço penso que desaparecem.
A cambota nas zonas de rotação da mesma...
O estado geral das capas das bielas, de um dos lados..
O estado da cambota nas zonas das bielas...
.. e as capas do outro lado, uma a uma:
A única zona mais preocupante é na ponta onde trabalha o rolamento do volante do motor e carreto de transferência, pois está bastante riscado. Terei de a mostrar a alguém entendido para ver qual será a solução.
Depois de muitas discussões e opiniões sobre o assunto optei por nem sequer tirar os pistons do sítio. Há demasiadas variáveis envolvidas para me deixar optar por trocar segmentos sem rectificar os cilindros. A olho estes nem sequer têm o desgaste de outros motores que já vi e que mesmo assim andavam bem.
Os segmentos devem estar em condições para muitos mais km's e poupa-se € em rectificações, material e incerteza do resultado ou boa rodagem.
Aqui fica o aspecto final do bloco. Daqui não se retira mais nada a não ser as capas.
As da esquerda nem precisariam de ser trocadas, mas por via das dúvidas vai levar o conjunto todo novo.
Algumas peças foram verificadas e preparadas para acondicionar.
A tampa da chamada "cloche" (peça anterior) foi limpa e limou-se as arestas e marcas resultantes da fundição. Assim fica mais bonita e acumula menos sujidade. Ainda não decidi se a irei pintar ou apenas polir.
Aproveitei que estava bom tempo para praticar a pintura nestas jantes para despachar para outro dono. Eu que nunca tinha pintado à pistola na vida, tenho de praticar em algo simples. As pintura anteriores com este tipo de tinta (esmalte antiferrugem) tinham sido feitas pelo Marco. Eu ainda só estou à vontade com o primário.
Depois de bem limpas e lavadas as jantes, e protegidas com fita e jornal....
...e aproveitando que já tinham um primário antigo, pintei-as com esmalte anti-ferrugem branco.
Sem qualquer técnica nem preocupação de perfeição, o resultado até que não foi mau.
O depósito de gasolina tem um aspecto muito velho e corroído e cheio de amolgadelas. Mas felizmente não está furado. Não é fácil encontrar um destes à venda.
Dando uso ao excelente disco abrasivo que já deu provas do seu valor, em vez das escovas de aço mais agressivas, comecei a decapar todo o depósito...
O estado geral não é muito mau e depois de protegido e pintado fica bom.
Com muitas amolgadelas por baixo, apenas descobri uma reparação de um possível furo de algum toque que o rompeu. As zona com corrosão não me parecem muito más. Só o tempo o dirá.
Antes de ser pintado:
Depois de ser pintado:
O resultado não é muito bom nem agradável à vista. Parece "craquelé" propositado.
Não encontrei a afinação ideal da pistola e a tinta estava muito grossa. Descobri no final que a pressão indicada na lata é muito pouca para a atomização ideal para um acabamento mais liso. Testei esta teoria na 2ª demão dos charriots e resultou. Aumentei a pressão do compressor e afinei a pistola para um leque um pouco maior.
Aqui estudei o melhor local para furar o 2º furo para os tubos de travão no charriot no caso de usar as pinças do Metro.
Já com umas brocas cónicas na mala da ferramenta, decidi dar-lhes uso e fazer o furo para o 2º apoio de motor inferior.
Aqui fui testar como ficaria se decidir usar a bomba principal de travão do metro na vertical e sem a parte do servo. Parece dar sem grande problema, a não ser o válvula redutora para os travões de trás, que pode nao ter espaço devido ao carburador. Na altura devida se verá de novo.
Com algumas ferramentas úteis em estudo, umas delas surgiu desta vez. O banco:
...mais umas luvas novas. Não vão durar muito tempo assim tão limpas...
A selecção do material de origem que à partida é necessário e será reutilizado.
No final as arrumações e limpezas da praxe e uma foto da oficina.